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Físico Marcelo Gleiser ganha 'Nobel' do diálogo e da espiritualidade
26.03.19
Pesquisa

Físico Marcelo Gleiser ganha 'Nobel' do diálogo e da espiritualidade

Oastrônomo Marcelo Gleiser, de 60 anos, foi escolhido como o vencedor do prêmio Templeton de 2019, conhecido como o Nobel do diálogo e da espiritualidade. Gleiser é o primeiro latino-americano a ser reconhecido com o valor de 1,1 milhão de libras esterlinas — a quantia será entregue oficialmente em um cerimônia em Nova York, em maio deste ano.

O prêmio Templeton já foi concedido a outros nomes de peso, como a Madre Teresa de Calcutá, em 1973, e Dalai Lama, em 2012.

Segundo a Fundação Templeton, o reconhecimento é pensado para profissionais que tenham feito "uma contribuição excepcional para afirmar a dimensão espiritual da vida, seja por insights, descoberta ou trabalhos práticos".

Gleiser se formou em física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1981, e tornou-se doutor em física teórica em 1986. Ao longo de sua trajetória, ele escreveu nove livros em português e cinco em inglês.

No meu trabalho como cientista, minha pesquisa é muito mais ligada a questões fundamentais sobre a origem do universo, da vida, do que sobre como criar um microchip melhor para fazer um iPhone funcionar mais rápido, por exemplo. Minhas questões são mais existenciais, disse Gleiser em entrevista ao jornal O Globo.

O professor Gleiser incorpora os valores que inspiraram meu avô a estabelecer o Prêmio Templeton e a criar a Fundação John Templeton, disse Heather Templeton Dill, atual presidente da John Templeton Foundation.

A honraria, porém, já foi muito criticada por cientistas pela aproximação com temas religiosos. Em resposta, o físico disse à agência AFP que "O ateísmo é inconsistente com o método científico".

Gleiser também critica a postura de cientistas frente à teoria religiosa de criação da Terra em sete dias. Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus, afirma. "A ciência não mata Deus."